quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Release enfezado

Irritado com a saída de um dos jogadores do Villa Nova Futebol Clube (time da cidade de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte), no ano passado, o assessor de comunicação do clube escreveu este que deve ser um dos releases mais revoltados da história da imprensa brasileira.

Ricardinho “pipoca” e é mandado embora do Villa Nova
O atacante Ricardinho, 24 anos, não faz mais parte do Leão do Bonfim. O jogador recebeu uma proposta indecorosa do Ipatinga F. C., aceitou prontamente e foi desligado do elenco alvirrubro pelo presidente João Bosco Pessoa. Tal como Judas Iscariotes, que se vendeu por 30 dinheiros para entregar Jesus Cristo aos judeus, Ricardinho aceitou receber R$30 mil para assinar um pré-contrato com o clube do Vale do Aço às vésperas da última rodada da Primeira Fase do Campeonato Mineiro.

Na negociata espúria, acertada nas catacumbas da traição durante a quinta-feira, há uma cláusula que impede a participação do atleta na partida de domingo entre Ipatinga X Villa Nova. Dócil aos encantos do dinheiro sujo da corrupção, Ricardinho aceitou prontamente a condição. Ao descobrir a manobra, a diretoria do Leão mostrou a porta da rua para esse profissional mau caráter.

Contratado pelo Villa Nova como uma das principais aquisições para a disputa do Campeonato Mineiro, Ricardinho, o fariseu, teve uma passagem apenas discreta pelo Castor Cifuentes. Foram somente sete jogos e míseros quatro marcados. Um problema crônico no púbis retirou o jogador de várias partidas. O atacante chegou a Nova Lima com a fala de ser o Rei do Drible, mas sai pelas portas dos fundos do clube como o verdadeiro Rei da Pipoca. O Villa Nova, próximo de completar o primeiro centenário de fundação, é muito maior do que esse calhorda venal.

O traidor Ricardinho não foi o único jogador do Leão a receber sondagens pornográficas. O goleiro Glaysson, exemplo de profissional e de respeito à camisa gloriosa do Villa Nova, também foi alvo de duas investidas indecentes. Na primeira delas, os corvos que infestam o futebol mineiro propuseram pagar R$ 15 mil para o goleiro simular uma contusão e não viajar para Ipatinga.

Glaysson rechaçou na hora essa propositura, momento em que o suborno subiu para R$ 30 mil e mudou de patamar: o goleiro teria, então, de entrar em campo e deixar entrar alguns gols do Ipatinga. Os frangos em Minas estão valendo muito...

Glaysson comunicou na hora à diretoria a tentativa de suborno e foi treinar normalmente, numa demonstração de hombridade que só os verdadeiros profissionais são capazes de fazer. O goleiro estará em campo no domingo, como já fez em outras 63 oportunidades, pronto para honrar a camisa que veste.

O Villa Nova Atlético Clube lamenta profundamente esses dois episódios e espera que as autoridades constituídas em Minas Gerais apurem com rigor os fatos e punam com severidade aqueles que querem fazer do esporte um mercado persa. Não é sem motivo que a instituição nova-limense vai comemorar 100 anos de glória em vermelho e branco no mês de junho: não há
nada que desabone o clube ao longo dessa trajetória vitoriosa.

O Leão nunca precisou comprar jogador adversário para escapar de rebaixamento.

JORN. WAGNER AUGUSTO
ASSESSOR DE IMPRENSA E HISTORIADOR DO VILLA NOVA ATLÉTICO CLUBE
5/ABRIL/2008 – 17h

Um comentário:

Cedê Silva disse...

Incrível. Já forwardei para amigos.